O livro é do teólogo calvinista e filósofo hirlandês Abraham Kuyper (1837-1920) que se envolveu intensamente nas áreas acadêmicas e políticas do seu país aplicando os princípios do Calvinismo, editor chefe do Estandarte e do Arauto, bem como membro do parlamento. O livro é muito bom, mas como a resenha é minha, prefiro substituir a Palavra Calvinismo por Cristianismo. Porque tenho resistência à essa palavra? Não! Jamais! Acredito que João Calvino fez a melhor interpretação das Escrituras já estudada. A minha substituição se dá porque o brasileiro é um idólatra passional por excelência. Nos meus 20 anos de caminhada com Jesus, já vi o brasileiro entrar na onda da unção do riso, do cai-cai, do relativismo, da teologia da missão integral e agora com a postagem atualizada, da reforma. Isso mesmo. O brasileiro evangélico tem idolatrado a reforma à ponto de acreditar que não existe vida cristã fora dela e dada essa pequena introdução, já começo a falar do livro.
O livro nos fala do que deveria e deve ser a paixão de todo cristão - dar bom testemunho de Cristo. Nos mostra que no princípio de Calvino que é o "Soli Deo Gloria" é honrar a Deus em todos os departamentos da vida.
Ele apresenta que a fé cristão tem que ser um sistema de vida, religião, política, ciência, arte e o futuro. No âmbito da religião, o Calvinismo se vê diferente do Luteranismo, pelo fato de ser através dele que a reforma foi propagada.
O cristianismo se sobrepõe as crenças como o paganismo, islamismo e até o romanismo sobre a figura de Deus.
No panteísmo, deus se encontra na criatura, na forma da natureza, dos animais e com isso surgem os animismos que é referente ao paganismo.
No islamismo, Deus é todo poderoso, mas não se relaciona com o homem, se separa da criatura.
No romanismo, para se achegar a Deus, precisasse de sacerdotes e o colegiado.
No cristianismo, Deus é todo poderoso, mas Ele se relaciona com o homem.
A fé cristã através do Sola Scriptura faz marchar contra o espirito dos tempos, seja até mesmo um agnosticismo ou modernismo.
"Não é Deus quem existe por causa de sua criação; a criação existe por causa de Deus" página 56
O ponto de partida em tudo que fazemos é Deus e não o homem. A religião pro homem é de que ele tem que ser mediador para o próprio homem e na fé, o mediador é Cristo. O homem é um mero colaborador. O cristão autêntico se preocupa com testemunhar a Cristo. Deus nos regenera, - isto é, Ele reacende em nosso coração a lâmpada que o pecado tinha apagado.
O livro trata da Igreja Universal invisível, que é a congregação dos eleitos de Deus de todos os tempos, presente, passado e futuro e até da semente da eleição em crianças. Ela é uma comunidade de indivíduos regenerados e confessos. O cristão coloca a vida toda diante de Deus e isso é o que importa, ele serve como um diácono de Dele e sempre para a glória Dele.
Abrindo uma opinião minha, ao ler esse livro, entendo com mais clareza quando Augustus Nicodemus, pastor presbiteriano e calvinista, fala para a pessoa se analisar se ela é um calvinista de fato. O livro fala da doutrina da aliança, ou seja, batismo de crianças e creio que a maioria daqueles que ficam se identificando como "supostos calvinistas", tem uma fé mais confessional e o livro também fala do estudo ético baseado sobre a lei do Sinai.
Em se tratando de calvinismo, diferente dos anabatistas (em que os pentecostais emprestam muitas coisas), o calvinismo não se anularam do mundo. Iam ao teatro, prestavam serviço militar. Era entender que tudo que faziam, faziam para a glória de Deus. Não se opunham ao Estado em caso de ele estar certo. Se opôs a revolução francesa no sentido de que o homem estava sendo glorificado e não Deus. No que toca a ciência, entende que por ordenança de Deus, o homem sujeita a natureza e demonstrou amor pela ciência. Tem o dever de promover a justiça.
No tocante, a existência do mal, o ensino da graça comum entende que Deus freia o mal e extrai o bem do mal. O cristão não rejeita a ideia de sua natureza pecaminosa, mas louva a Deus pelo que os homens possa habitar juntos.
Em se tratando de calvinismo, o calvinista não se apega somente a contemplação, e nem deixa todas as áreas da ciência nas mãos dos homens. Eles entendem pela Palavra de Deus que "devemos sujeitar a terra". Logo, não existe conflito entre fé e ciência, mas a busca do conhecimento da criação de Deus como um todo. Ele busca se aprofundar cada vez mais, é o "amar a Deus de todo o seu entendimento". Ele não reprime outros pensamentos, mas com erudição, apresenta bases contestatórias à outros pensamentos diferentes da fé. Se o cristão se abandonar somente a contemplação e não mostrar a glória de Deus para as demais áreas do conhecimento humano, ele não passará de um avestruz que enfiou a cabeça na terra e não como a águia que voa.
No tocante a arte, o livro nos trás o Instinto Artístico como fenômeno universal e procedente do Espirito Santo, independente da crença do artista, pois é dom de Deus e faz parte da graça comum, logo a arte não pode se originar do diabo, mas como um ladrão, ele quer se apropriar dela. O livro traz uma crítica ao anabatismo por seu dualismo de obras de Deus e do mundo no tocante as artes.
A emancipação de Deus que algumas nações quiseram fazer, gerou uma degradação social, trocando a fé por religiões rousseaunianas ou darwinistas fazendo que as pessoas vivam coisas temporais e fecham seus ouvidos ao ouvirem os sinos da eternidade. Com isso, surgiram também os teólogos liberais que tiram a autoridade das Escrituras e só reconhecem o Cristo como um gênio religioso.
O autor fala do calvinismo, mas avisa que o calvinismo não supera as palavras do Ap. Paulo que é perfeita. Trata também da diferença Eleição x Seleção onde se bate o martelo de que o avivamento da vida não vem dos homens, mas de Deus. A derrocada moral da Europa com o rompimento com a fé cristã e os grupos liberais que não podem nem sequer serem considerados cristãos de fato e verdade, vendo o catolicismo como um aliado nessa luta.
O livro se encerra sobre o homem adotar uma religião nova, que é a de Darwin e Rousseau.
Na minha opinião, isso se faz muito recente nos dias de hoje, onde muitos fazem uma leitura de opressor nesses teóricos, mas não na da Bíblia. Leitura recomendada.
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